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O Outro Lado

"I knew all the rules but the rules did not know me..." Uma viagem que se inicia em 2004 e passa por várias transformações, da poesia, à prosa e uma partilha da maternidade, atreve-te!

O Outro Lado

"I knew all the rules but the rules did not know me..." Uma viagem que se inicia em 2004 e passa por várias transformações, da poesia, à prosa e uma partilha da maternidade, atreve-te!

Elogio ao Amor

24.04.07, Carla

http://olhares.com/foto496990.html- João Azevedo

 

 

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de

verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar

sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.

Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.

Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.

Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das

cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

 

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de

antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".

 

O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se

sócios.

Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa

variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser

desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O

resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade,ficam

"praticamente" apaixonadas.

 

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do

amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,farto

de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão

embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.

 

incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia,são

uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem,tudo

bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos,

bananóides,borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se

apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o

desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a

comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

 

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não

é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a

pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso

"dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e

descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se

vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a

loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

 

Amor é amor.

É essa beleza.

É esse perigo.

 

O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para

nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.

 

Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos

levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno

aberto.

 

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A"vidinha"

é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é

um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver

com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para

perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a

nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que

não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É

por isso que a ilusão é necessária.

 

A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais

bonito que a vida. A vida que se lixe.

 

Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém.

 

Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração

guarda que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando

não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o

amor que se lhe tem.

 

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se

ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver

sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode

ceder.

 

Não se pode resistir.

 

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

 Autor Desconhecido

 

Neste texto o verdadeiro amor ganha uma importância extrema, faz-nos parar para pensar...e obriga-nos a perguntar se amamos na realidade...ou se nos 'penduramos'numa paixão falsa e comodista. Para mim amar é realmente importante...é um equilibrio um bem -estar...é sorrir por sorrir, é dizer 'parvoíces' é gritar ao mundo....que sou feliz...

Descobre o verdadeiro amor...sente-o...vive-o, não tenhas medo de dizer amo-te !

 

Carla Ferreira

Perfume...

23.04.07, Carla


 

Anoitece,
caminho junto ao rio,
o ar arrefece...
a brisa traz o frio...

Fecho os olhos,
delinho todo o teu corpo,
sei de cor o teu perfume...
num caminhar torpo...
o meu coração parece lume!

Desejo tocar...
a tua pele..
beijar os teus lábios..
o teu beijo sabe a mel...
perco-me nos teus gestos sábios...

O teu perfume,
invade a noite...
deixa a lua brilhante...
no momento abraças-me...
naquele instante...
desejas-me!

 

Amo-te Muito meu amor,

Carla Ferreira